terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

INCLUIR E MUDAR

             O ato de incluir pressupõe a inserção, a compreensão e a abrangência. Fala-se muito em inclusão, e hoje ela é vista como um grande desafio. Em um país miscigenado como o nosso e repleto de diferenças culturais, deveria ser segurado – para os que são considerados "diferentes", ou ainda "especiais"- o direito de serem incluídos inteiramente em uma sociedade, independentemente dos paradigmas de normalidade. Assim, vive-se constantemente uma busca de reconhecimento e também de valorização dessas pessoas, que querem acima de tudo serem vistas como um ser humano pleno.

            Ao falar em pessoas diferentes, provavelmente vem a nossa cabeça pessoas com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental. Talvez isso ocorra, por que já estamos acostumados a viver e aceitar, regras de uma sociedade impregnada de tendências, padrões e modelos. Assim, quem foge disso é considerado diferente. Creio que o ser diferente não está de fato, no tipo de deficiência da pessoa, mas sim na maneira como a enxergamos, ou seja, vemos isso com o conceito de normalidade pré-determinado, que nos impossibilita de enxergar além das aparências.

 
           Presumo também, que para vivermos em uma sociedade íntegra e heterogênea é necessário acabar com essas concepções equivocadas, e para isso as pessoas devem aceitar a diferença do outro, vendo isso como um direito humano e não como algo difícil de acolher e admitir. A mudança deve ser a grande norteadora para a conquista da vida plena, pois ela nos possibilita perceber o que de bom o outro tem a nos mostrar e ensinar, banindo o ato discriminatório e fazendo com que todos nós compreendemos a singularidade de cada sujeito.

            Não só a mudança de ideias deve ser assinalada quando se fala em inclusão, as nossas leis e políticas públicas podem e devem dar suporte para que também haja mudança em termos de garantia de direitos e cidadania. Elas devem segurar uma vida digna, onde os "deficientes" tenham acessibilidade à saúde, lazer, vida social, e principalmente à educação. Há algum tempo a constituição já firma direitos iguais para todos, e é por isso que a inclusão deve ser algo evidente e incontestável.
 
           As leis podem gerar distintos comportamentos sociais, e influenciam no modo de pensar de muitas pessoas. A maioria não faz cumprir o que elas dizem, dessa forma muitos dos nossos decretos ficam restritos à teoria, mas nunca foram realmente postos em prática ou nem são conhecidos por boa parte da população. Isso nos leva a perceber que a legislação pode sim intervir de maneira considerável, mas ela não proporciona a inclusão de todos. Ela pode fazer com que as pessoas hajam diferente dessa situação, pode transformar e implantar não só a democratização do ensino, mas também da sociedade. Mas, - como já dito – ela não pode intervir totalmente sendo limitada em alguns aspectos.


            Entra novamente em campo a mudança, que aparentemente significa algo tão simples- modificar, alterar- mas, ela não é algo tão simples assim. Ela é algo muito doloroso e difícil, que envolve muitas lutas, disputas, oposições de interesses, sentimentos, ideias e quebra de paradigmas. Mas, é só movido por ela que conseguimos viver em uma constante transformação onde não nos acomodamos com o que é dado, mas sim buscamos incansavelmente tornar e modificar as coisas para melhor.


            Assim, deve ser a sociedade, as pessoas, as leis. Devem viver frequentemente em mudança, assumindo um papel de responsáveis pela sociedade em que vivem, e responsáveis também pela maneira como fazem a integração das diferenças nessa sociedade. É preciso mudar, é preciso incluir, é preciso admitir e reconhecer as diferenças. Desta forma é que tornaremos o nosso país, realmente de todos, segurando a valorização do ser humano e o cumprimento de seus direitos.
Mari Musialowski


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